Da jovem guarda ao sertanejo raiz, prazer, Sérgio Reis
- Seleiro Sertanejo
- 8 de mai. de 2019
- 4 min de leitura
Atualizado: 31 de mai. de 2019
Sérgião começou cantando no ritmo que consagrou Roberto Carlos, mas foi no gênero de Tião Carreiro que conquistou o estrelato.
Um dos grandes nomes do sertanejo, Sérgio Reis ainda arrasta multidões por onde passa, porém, após todo o sucesso que conquistou no ritmo caipira, poucos sabem que o cantor começou cantando na Jovem Guarda.
Nascido em 23 de junho de 1940, na cidade de São Paulo, Sérgio entendeu que o nome do seu pai, Bavani, não era adequado para sua carreira artística, logo utilizou Reis, sobrenome herdado de sua mãe.
No começo, cantava no estilo da jovem guarda e no início da década de 1960 até lançou um disco, que foi nomeado como “Johnny e Johnson”, mas, foi no sertanejo, apenas em 1967, que o cantor encontrou o sucesso. Ele sempre gostou de outros gêneros, mas o estilo caipira está na sua vida desde quando era apenas uma criança.
“Interessante que quando eu tinha 10 anos eu gostava de rock, mas na Rádio Bandeirantes tinha um programa sertanejo e eu acompanhava. Na época, meu pai me deu uma violinha. Tenho o presente até hoje e foi nela que eu aprendi a tocar violão, pois não sabia afinar como viola”, declarou o cantor em entrevista ao site Seleiro Sertanejo.
As lembranças do rádio o ajudaram muito quando ele migrou da jovem guarda para o sertanejo. “Toda semana tinha o programa, às terças e quintas-feiras, e eu sempre ouvia. Quando troquei de ritmo eu não cai de paraquedas, já estava preparado”.
O musico lançou seu primeiro disco caipira em 1973, 6 anos depois de ter gravado sua primeira moda de viola. Neste projeto, a música “Menina da Gaita” fez muito sucesso. Daí então, foi uma atrás da outra, “Disco Voador”, “Panela Velha”, “Adeus Mariana”, foram outras canções que elevaram o nome do cantor.

Após a troca para o gênero do interior, Sérgio também atuou em algumas novelas e filmes, como “O menino da Porteira”, longa nacional inspirado na canção de Teddy Vieira que estreou em 1976, e a novela “Pantanal”, da Rede Manchete que contou com 2016 e fez grande sucesso.
Com mais de 60 anos de carreira, Sérgio traçou alguns pontos fundamentais para alcançar o estrelato. Mesmo com uma bagagem pequena na época, ele criou uma estratégia para que seu público se familiarizasse com suas novas canções.
“Eu bancava o inteligente, quando ia gravar uma música, já começava a soltar uns trechos dela para fazer uns testes, vê se o público iria gostar. Daí começava a cantar essa música e não tinha jeito. Eu também pensava que tinha que fazer uma viagem por cada canto do Brasil, para que ficasse conhecido em todo nosso país”.
Foi então que o cantor ganhou uma notoriedade como um dos grandes artistas no mundo sertanejo. Um dos pilares na sua vida foi manter proximidade com grandes compositores e músicos, como, por exemplo, Renato Teixeira e Almir Sater.
Um de seus melhores anos no cenário nacional foi em 1981, quando lançou mais um disco e, uma das músicas que compuseram este trabalho, “Chalana”, se tornaria uma das mais famosas do cantor. Intitulado “O melhor de Sergio Reis”, o LP vendeu mais de 1 milhão de cópias e premiou o cantor com o Disco de Ouro.

No ano seguinte, teve a sua primeira participação em novelas, pela Rede Globo atuou em “Paraíso”. O musico trabalhou em outras, como a já citada “Pantanal” e “A história de Ana Raio e Zé Trovão”, ambas em 1990, na extinta TV Manchete. Já pela Globo, voltou a atuar em 1996, com a participação em “Rei do Gado”. Sua última aparição foi pela Record, em 2006, na novela “Bicho do Mato”.
Mas sua carreira não foi só marcada por conquistas e sucesso; alguns problemas de saúde acabaram atrapalhando um pouco sua trajetória no início dos anos 2000, quando Sérgio sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral) e ficou afastado dos palcos por alguns meses.
Alguns anos depois, em 2009, novamente foi levado às pressas para o Hospital, desta vez para realizar uma angioplastia, porém, assim como da primeira vez, conseguiu retornar aos palcos após recuperação.
Positivamente, ficou marcado pelas indicações ao Grammy Latino, que é a premiação para as melhores músicas latinas, levando em consideração o talento e a criatividade. A importância de estar no meio de grandes nomes da música da América-Latina é essencial para a vida de um cantor, é um dos prêmios mais cobiçados pelos artistas.
“É o maior prêmio que o artista pode receber, eu tenho 4 Grammy’s e 7 indicações, já faço parte das votações, e isto é de grande valia, pois dá um ânimo para aqueles que estão começando agora, é para nós é como um tributo, um reconhecimento por tudo que já fizemos”.
Sérgio é conhecido também por sua postura bastante crítica em relação ao uma das vertentes da música caipira, o sertanejo universitário, que vem conquistando as novas gerações e tornou-se o gênero que mais vende no país.
Apesar de confiar que o modão raiz continua vivo no coração dos brasileiros, por conter nas suas canções os sons da viola, trazer histórias dos homens do campo e da vida rural, Sérgio acredita que os “universitários” perderam o estilo caipira, pois o ritmo traz consigo uma mistura de gêneros musicais, o que é determinante para o cantor não considerar como sertanejo.
“A música universitária não é sertaneja, ela é um pop, rock, é um estilo que eu tocava na jovem guarda, nada mais do que a música em dueto que deu certo; mas a molecada que canta não é fraca, se soltar uma viola na mão deles, tocam facilmente”.
Com 79 anos, Sérgio Reis se divide em uma vida tranquila e uma agenda de shows pelo país. Fazendo muito menos aparições do que antes, devido à idade avançada, o cantor, que já lançou ao todo 124 discos e hoje colhe os frutos de uma brilhante carreira que, sem dúvidas, marcou seu nome na história da música brasileira.

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